Mais de 9 mil localidades rurais foram atingidas no Estado; confira o saldo do desastre climático no campo

Mais de 9 mil localidades rurais atingidas, quase 4 milhões de toneladas de grãos perdidas e mais 1,2 milhão de animais de corte mortos. Esses são alguns dos números que dão ideia da devastação ocorrida no meio rural, por conta da tragédia climática enfrentada pelo Estado.

 
Os dados foram divulgados na última segunda-feira pelas secretarias da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e de Desenvolvimento Rural (SDR) no relatório de perdas referente à maior calamidade climática que atingiu o Rio Grande do Sul, de 30 de abril a 24 de maio.

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A Região Central é responsável por quase 30% das perdas de soja, o que segundo o gerente Regional da Emater, Guilherme Passamani, são muito significativas na cultura do grão, além dos solos que sofreram erosão. Em relação às famílias afetadas, ele ressalta que será necessário buscar formas para auxiliá-las:

 
– Tanto no apoio técnico e social quanto em políticas públicas que possam fazer com que elas voltem a ter sua produção, moradia e as capacidades de vivências nesses lugares.
Outros números apontados no balanço referem-se aos danos à infraestrutura no meio rural, como a quantidade de instalações destruídas, acesso à água, perdas na fruticultura, pastagem, produção leiteira e florestal, além de povos e comunidades tradicionais que foram afetadas. 

Confira abaixo o saldo do desastre climático no campo, com os detalhes dos danos, perdas e prejuízos no meio rural com base no relatório divulgado pelo governo do Estado:

Danos à infraestrutura  

• 9.158 localidades foram atingidas, impactando construções e estradas
• 4.548 comunidades tiveram problemas para o escoamento da produção
• 19.190 famílias sofreram danos em construções e instalações, como casas (14.029), galpões (8.164), armazéns (328), silos (738), estufas de fumo e horticultura (2.599), aviários (804) e açudes (4.983)
• 4.570 fontes de água contaminadas
•  34.519 famílias sem acesso à água

Perdas na produção primária

• Grãos (soja, milho silagem, arroz, feijão, milho, canola, aveia): 48.674 produtores prejudicados, 1.741.529 ha de área atingida, 3.968.716 toneladas perdidas
• Fruticultura: 8.381 produtores prejudicados, 21.833 ha de área atingida, 119.016 toneladas perdidas
• Olericultura: 8.049 produtores prejudicados, 13.001 ha de área atingida, 171.473 toneladas perdidas
• Floricultura: 149 produtores prejudicados, 75,48 ha de área atingida, 17,42% perdidas
• Pastagens (silagem, cultivada, nativa): 32.409 produtores prejudicados, 688.206 ha de área atingida, 160,9% perdidas

Animais mortos

• 3.711 criadores prejudicados
• Aves: 1.198.489 cabeças
• Bovinos de Corte: 14.806 cabeças
• Suínos: 14.794 cabeças
• Bovinos de leite: 2.451 cabeças
• Piscicultura: 937,93 toneladas
• Apicultura comercial: 16.054 caixas
  

Produção leiteira

• 7.450 produtores prejudicados, 1.464.335 litros diários não coletados, 9.625.918 litros totais não coletados
  

Produção florestal

• Erva-mate, eucalipto, acácia, pinus: 1.126.687 plantas atingidas

Solos com perdas de fertilidade e solos por erosão hídrica

• 405 municípios afetados
• 2.706.683 hectares

Agroindústrias familiares

• Cerca de 200 empreendimentos com prejuízos (dados preliminares)

Cooperativas

•  17% (8) com estrutura física danificada
• 17% (8) com equipamentos ou maquinários danificados
• 25,5% (12) perda de produtos estocados ou armazenados
• 74,5% (35) perda na comercialização

Povos e comunidades tradicionais
Povos indígenas

No RS, há quatro povos indígenas reconhecidos oficialmente: Charrua, Guarani, Kaingang e Xokleng, cujas aldeias estão presentes em 72 municípios.

• 92% das aldeias indígenas (147), em 62 municípios decretaram situação de calamidade ou emergência
• 80% sofreram algum dano material
• 60% sofreram danos relacionados à produção de alimentos pelas famílias
• 100% das aldeias indígenas sofreram danos (diretos ou indiretos)

Quilombolas

• 88% das comunidades foram afetadas diretamente
• 20% das comunidades estão em municípios que declararam estado de calamidade (15 municípios decretaram calamidade, nos quais estão 28 comunidades semelhantes)
• 68% das comunidades estão em municípios que decretaram emergência (54 municípios decretaram emergência, nos quais há 97 comunidades de remanescentes de quilombo

Pescadores artesanais

• 31 municípios atingidos
• 713 famílias desalojadas
• 2.868 equipamentos e apetrechos danificados

Assentados da Reforma Agrária

• Danos estruturais e humanos: 7.437 lotes distribuídos em 226 assentamentos foram afetados, impactando diretamente 7.311 famílias assentadas, das quais 244 foram desalojadas de suas moradia
• Impactos nas atividades agropecuárias: mais de 50 mil ha de perdas agrícolas, 17.907 ha de solo arável prejudicados, mais de 10 mil ha submersos
• Danos em infraestruturas e necessidades imediatas: 30 pontes e pontilhões danificados; 30 infraestruturas hídricas com danos em 2 barragens, 86 açudes e 4 reservatórios comprometidos
  

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